O Apartheid Social É Essencial a Estrutura (Parte I)


    

    A alforria foi assinada, mas a estrutura e as características do sistema escravocrata não são muito discutidas com a população. Não há intenção de estudar a fundo o sistema que construiu a riqueza de nossa elite. Nossa história não está posta a mesa para ser analisada, uma ponte entre a escravidão e a massa trabalhadora contemporânea ou a elite escravocrata e a atual classe burguesa não deve ser construída, pois essa prática quebraria várias correntes.

    O que aconteceu com os negros alforriados?
Imigrantes que fugiam da miséria vieram para o Brasil ocupar a mão de obra que antes era escrava, também sofreram, mas enquanto eles trabalhavam, enquanto a população brasileira crescia e as décadas iam avançando, em que situação e onde se encontrava o negro?

    Infelizmente devo dizer que nossa NAÇÃO BRASILEIRA surgiu, formou-se e avançou séculos vendo o negro condenado aos morros, sem cidadania, sem voz, apanhando, sendo morto, e sendo odiado como se fosse o culpado pelo seu destino. Pois qualquer pensamento adverso a isso geraria um remorso gigantesco e a necessidade de reparar as décadas de isolamento e brutalidade.
    Nos acostumamos a ver a injustiça e a cooperar com ela, não se questiona, não se estranha, não se indigna.

   O que a por trás de tanto silêncio diante de tamanha catástrofe social se não uma selada cumplicidade com o terror.

    Nosso discurso moderno e progressista não é mentiroso, a sinceridade que nos falta não significa que estamos mentindo, mas que em nossa voz falta a FORÇA, o peso, nosso discurso não é temido pelo sistema porque ele sabe analisar, sabe a quem deve perseguir e conhece os que não irão até o fim pelo seu ideal. Nosso choro ainda é seletivo e cinematográfico, é como se estivéssemos em um filme, não em uma guerra.

    A esquerda brasileira se manifestou diante do assassinato de Marielle Franco, exigiu respostas, fizeram cartazes, postagens e passeatas, mas após o caso de Marielle cinco jovens são encontrados mortos em Maricá. Assim como depois do caso de Rafael Braga policiais são pegos com kit flagrante, o que indica que pessoas ainda vêm sendo forjadas e presas injustamente.

    Por tanto, nenhuma medida partidária ou movimentação popular irá de forma eficaz e permanente expulsar de nosso país os males que causam a desigualdade, violência, desinformação e o genocídio. Porque o mal que assola o Brasil não é meramente brasileiro, é mundial. A nossa miséria, nosso racismo, machismo, preconceito, tudo pertence à estrutura de um sistema.

   E enquanto acreditamos que aos poucos vai melhorando, que nenhuma medida extrema é necessária, o sistema vai ceifando vidas, pois é isso que ele faz, e ele não produz bombas a toa, quer e irá usá-las, pelo bem da economia, pelo bem da hegemonia.



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