GOG - Dinheiro na Mão (Analisando o Crime e o Genocídio)

Esta música pertence ao álbum duplo “Tarja Preta” do rapper GOG, respeitado por todos seguidores do rap/hip-hop nacional.


Aqui GOG nos trás uma história triste, mas muito comum em um país que de forma ativa tem assassinado sua população pobre e negra.

Uma vez que a classe pobre e negra é desvalorizada e desumanizada para que a desigualdade social, produzida pelo capitalismo, não venha a ferir os olhos dos “cidadãos de bem” que se beneficiam da exploração. E para que os próprios explorados sintam-se culpados pela sua sina, sintam-se menos humanos que outros e assim conformados em não desfrutarem dos privilégios da classe dominante. Esta exclusão social acaba também gerando muita revolta, violência, distúrbios familiares e psicológicos além da própria criminalidade. Junte uma ideologia de total entrega ao consumismo, em que a propaganda não está exposta apenas para quem tem poder de consumo, e uma massa que produz (trabalha) e sobrevive, porém vê diariamente outra classe social desfrutando dos produtos que nos são dados como ascensão social, que humanizam seus consumidores. É claro que haverá crime.

Mas até em que ponto o crime não seria desejado pelo estado? Ou pelos poderes que controlam o estado?

Não podemos negar que a violência alimenta a indústria da segurança privada, gera o medo que ajuda a eleger candidatos e deixa a população tremula ao se imaginar sem um governo, além de valorizar os condomínios. O mais triste é ver o crime como uma abertura em que através dela o sistema livra-se de uma massa não desejada. Pois não há trabalho para todos, mesmo o trabalho desvalorizado. O não extermínio desta massa resultaria em uma metrópole carregada de pessoas sem trabalho, educação, lar, saúde, sem direito a mais básica cidadania.
É só imaginar a população carcerária brasileira, uma das maiores do mundo, livre, a procura de estudo e trabalho, imaginem as vítimas do genocídio, vivas, precisando de moradia, de cuidados médicos, porém sem espaço na sociedade. Como estaria o quadro social brasileiro se estes jovens, homens e mulheres, deixassem de ser foco em notícias policiais e fossem flagrados apenas como excluídos, os que o avanço social não abraçou?

O crime serve a quem?

A polícia entra ai como o carrasco, eles executam a sentença dada pelo estado, pela desigualdade social para o descendente de escravo, o pobre, o excluído. A farda tem sido o braço do burguês que sufoca até a morte o corpo do menino que abitaria entre as porcentagens de desempregados, famintos e analfabetos que denunciariam ainda mais a falência do seu sistema.
Podemos observar que no Brasil, apesar de dizerem não haver pena de morte, a polícia prende para manter em dia a sua cota, porém tem carta branca para matar, e mata todo dia, seja criminoso ou não, porém seus disparos “acidentais” não atingem os ricos. Ela é alienada e doutrinada a ter ódio. O negro, o pobre, o favelado, lhe é apresentado como um alvo, a polícia simplesmente atira.

GOG nesta letra faz uma incrível humanização do personagem, da forma como ele conta podemos ter a impressão de tratar-se de um criminoso a planejar um possível assalto. Mas não, o personagem em questão acorda às três da manhã, sua esposa prepara seu café e sua marmita, sai de casa às três e meia, pega o circular, roda por horas, se impressiona com o lado rico da cidade pouco visto por ele, aceita um trabalho pela metade do preço que ele gostaria de receber e na volta para casa, dentro de um circular, algo acontece.



Quem se emocionar com a música, pense também nas vítimas nos links abaixo, e há mais a cada hora que passa. O nosso silêncio, nosso conformismo, nosso estilo de vida egoísta que não nos permite militar contra o genocídio, mas trabalhar e progredir dentro desse sistema genocida, também ajuda a apertar esse gatilho!

Vítimas reais: 

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